domingo, 15 de novembro de 2009

Josy Granoski

O seu cabelo bate no meu rosto!
Sinto um marulho incomum.
Vejo que nada naquele momento existe.
Só eu e você: num campo, azul.
Não é sua beleza que chama a atenção
Não é o seu cheiro que fazem as rosas se sentirem inúteis.
É apenas aquilo que você tem por dentro.
Uma orgia de sentimentos me invade.
Sinto um desespero de tê-la.
Sinto uma alegria por estar te vendo.
Sinto que o seu amor é enorme.
Sinto um desespero em seu coração.
Você precisa se libertar.
Nós precisamos nos libertar.
Você procura por algo, por alguém.
Esse algo eu não possuo, esse alguém não sou eu.
Ah, não me sinto mal.
Encontrando-o estará feliz.

Mas ainda quero...
Aquilo que preciso, o seu cheiro.
Seu hálito, a sua saliva.
O seu corpo, os seus ossos
Descobri o que há por trás disso, que é apenas carne.
Uma excitação corre no meu corpo.
Uma agitação estremece minha perna.
Sinto que não posso mais aguentar.
Suas coxas são como...
São como algo que não ouso pronunciar.



Phelippe Rave














Esse 'poema' foi escrito quando eu nem sonhava em fazer Letras. E mesmo hoje, quando faço Letras, meus poemas continuam sem sal. Q

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

As pás que cavam a terra
São as mesmas que perfuram o solo lunar
São as mesmas que, igualmente, apontam as armas
As pás de tudo.

Sujas, imundas, trabalhadoras
Ajudam numa construção
São essenciais na refeição
As pás de tudo

Elas possuem quatro filamentos
São feitas de: carne, osso, sangue.
Seu cabo é do tamanho de um pé.
Pés feitos de: carne, osso, sangue.

Minhas mãos são minhas pás
Como posso sentir teu rosto
Sem escavar os poros do teu rosto?
Juntos, com cabelos cacheados, escavamos em busca de ouro.


Phelippe Rave

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Prefácio

Só se escreve lendo...: paradoxo cuja digna contrapartida reside no próprio ato da escritura, que parece ter sido inventado para dar um exemplo perfeito da noção de impossibilidade. Pois a escritura não conhece um ''antes'', ela não é a expressão de um pensamento prévio; mas então, que é que se escreve?
O ''mistério nas letras'' tem isto de atraente: torna-se mais espesso à medida que se tenta dissipá-lo.

Tzvetan Todorov

Exatidão

Para um hedonista infeliz, como era Leopardi, o desconhecido é sempre mais atraente que o conhecido; só a esperança e a imaginação podem servir de consolo às dores e desilusões da experiência. O homem então projeta seu desejo no infinito, e encontra prazer apenas quando pode imaginá-lo sem fim. Mas como o espírito humano é incapaz de conceber o infinito, e até mesmo se retrai espantado diante da simples ideia, não lhe resta senão contentar-se com o indefinido, com as sensações que, mesclando-se umas às outras, criam uma impressão de ilimitado, ilusória mas sem dúvida agradável. ''E il naufragar m'è dolce in questo mare''. [''É doce naufragar-me nesse mar''.]

Ítalo Calvino
A lua amarelada, exuberante permanece
Teu suspiro me arrepia
Teu cheiro, simplesmente, desaparece.

Assim perco o sono
Me amedronto
Me desespero.

Submersível e incontável escuridão
Nesse poço, a água é fria.
É ilusão, agonia.
Simplifico em um verbete: solidão.

Estendo meu braço raquítico
Me ergues com força
Me deito em ti, teu colo.
Suspiro... aliviado,
Enfim morro em teus braços.


Phelippe Rave

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Tô feliz, voltei. hehe