terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Na Velocidade Certa

Cada vez mais gente descobre as vantagens de desacelerar. Bem-vindos à revolução Slow.


Todo pai sabe que as crianças gostam de histórias de ninar lidas em ritmo suave. Mas eu era rápido demais para desacelerar com a Branca de Neve. Todas as noites, fazia uma leitura dinâmica para meu filho. Minha versão da Branca de Neve era tão veloz que tinha só três anões. Quase comprei um exemplar de One-Minute Bedtime Stories (coletânea de histórias contadas em um minuto). Soa familiar? É porque a maioria de nós está viciada em velocidade, em fazer tudo de cada vez mais rápido. E realmente quero dizer tudo: uma revista britânica recentemente explicou como fazer sexo em 30 segundos!

Velocidade demais estraga a saúde, os relacionamentos, o ambiente e até a economia. Travados no modo avanço rápido, lutamos para relaxar, passar um tempo com a família e os amigos, tirar prazer das coisas. A boa-nova é que há uma alternativa real à cultura da velocidade. Em todos os lugares do mundo, pessoas estão desacelerando – e descobrindo que pôr o pé no freio as ajuda a viver melhor. Essa revolução Slow avança em todas as posições sociais. Milhões estão sintonizando seus corpos e mentes com exercícios lentos (ioga, tai chi, levantamento de peso no método SuperSlow) e formas alternativas de medicina (reiki, acupuntura, massagem). Casais se aglomeram em workshops sobre a arte do amor sem pressa. Na Itália há até um movimento Slow Sex. Em todos os lugares pessoas estão comendo melhor ao cultivar, preparar e consumir a comida devagar. O Slow Food, grupo que lidera essa atitude, tem mais de 80 mil membros em 50 países, incluindo o Brasil. Crianças também se beneficiam: para deixá-las descansar, brincar e explorar o mundo a seu modo, muitas cidades norte-americanas agora cancelam tarefas de casa e atividades extracurriculares em certos dias. No mesmo espírito, a Universidade de Harvard publicou uma carta conclamando os alunos a fazer menos e relaxar mais. Seu título: ‘’Diminua o passo!’’.

A revolução Slow faz progressos até em locais de trabalho – nada surpreende depois que a obsessão por lucros rápidos deixou a economia global de joelhos. Para ajudar funcionários a recarregar energias e pensar de maneira criativa, empresas estão reservando espaços para cochilar, meditar, ouvir música. Outras impõem limites de velocidade à supervia de informação. A Intel e a Deloitte & Touche introduziram dias sem e-mails. Um executivo da IBM lançou o movimento Slow E-mail, encorajando-nos a checar nossas caixas postais com menor frequência.

Também cresce a aceitação de que trabalhar menos pode significar trabalhar melhor. Em países nórdicos trabalha-se menos horas. Suas economias estão entre as mais competitivas do mundo. Para manter os empregados mais felizes, saudáveis e produtivos, grandes companhias dos EUA, como a PriceWaterhouseCoopers, os encorajam a tirar mais férias. Sim, você leu direito: chefes estão sugerindo mais tempo de folga no país mais workaholic do mundo. O que traz uma nova compreensão do Carnaval. Talvez um país inteiro festejando por vários dias seja mais do que uma alegre indulgência. Talvez isso incremente a produtividade. É claro que desaceleração tem limite. Lentidão demais é tão ruim quanto velocidade demais. Sejamos honestos: muitas pessoas voltam do Carnaval exaustas, com ressaca e nem um pouco produtivas. O segredo da filosofia Slow é atingir o equilíbrio: fazer tudo na velocidade certa. Certamente funciona para mim. Amo a velocidade, mas conectar-me a minha tartaruga interior me deixa mais relaxado, dinâmico e criativo. Também estou mais próximo dos amigos e da família e mais apto a desfrutar cada momento do dia. Branca de Neve certamente fica mais divertida com todos os sete anões.

Carl Honoré.

Nascido na Escócia, criado no Canadá e hoje vivendo em Londres, é historiador, jornalista e escritos. Seu best-seller Devagar – Como um Movimento Mundial Está Desafiando o Culto da Velocidade foi lançado em 2005 no Brasil, onde já viveu e trabalhou com crianças de rua. Seu site: http://www.carlhonore.com


4 comentários:

  1. Tem um cara acho que é christopher honoré que é autor de um musical les chansons d' amour [recomendo].. seria mesma familia? :O

    Sim gostei do texto, acho que boa parte das vezes sou meio slow... e as vezes meio fast [acho que pra saber o resultado de alguma brincadeira ou coisa, ah velha ansiedade]... huaahuahuhau

    igu

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  2. Ai que texto legal, muito boa a ideia do slow.. .

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  3. Cade cade quero mais! voltaaaaaaa lobo!

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  4. ola boa tarde parabéns pelo blog, verifiquei que vc esteve procurando energia fotovoltaica e também estou nesta procura de onde comprar o equipamento para fabricar as células se você souber me avisa onde achar estes equipamentos grato e ate mais mei blog e www veloterra-sg . blogspot .com

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